quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Cannabis afeta atividade cerebral em jovens propensos à psicose, diz estudo


 É a primeira vez que pesquisadores medem, em tempo real, mudanças estruturais nos cérebros de uma população de alto risco

Alissa De Leva por Pixabay

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade McGill apontou que o uso de cannabis pode piorar a redução da conectividade cerebral, déficit presente em jovens adultos que apresentam risco de psicose. A pesquisa detectou uma diminuição acentuada na densidade sináptica — conexões entre os neurônios que permitem a comunicação cerebral em quem apresenta risco de psicose —, em comparação a um grupo sem a propensão.

"Nem todo usuário de cannabis desenvolverá psicose, mas, para alguns, os riscos são altos. Nossa pesquisa ajuda a esclarecer o porquê", informou a doutora Romina Mizrahi, autora responsável pelo estudo e professora do Departamento de Pesquisa da universidade.

Foram estudados 49 participantes, com idades entre 16 e 30 anos. A pesquisa incluiu pessoas com sintomas psicóticos recentes e os considerados de alto risco. Os resultados indicam que a diminuição da densidade sináptica é causada pelo isolamento social e falta de motivação. Os pesquisadores afirmam que esses são sintomas difíceis de serem tratados.

"Os medicamentos atuais têm como alvo principal as alucinações, mas não abordam os sintomas que dificultam o gerenciamento de relacionamentos sociais, trabalho ou escola", disse Belen Blasco, primeira autora e estudante de doutorado no Programa Integrado de Neurociência da Universidade McGill. "Ao focar na densidade sináptica, podemos eventualmente desenvolver terapias que melhorem a função social e a qualidade de vida dos afetados".

Essa é a primeira vez que pesquisadores medem, em tempo real, mudanças estruturais nos cérebros de uma população de alto risco. Agora, a equipe está focada em explorar as alterações observadas para descobrir se é possível prever o desenvolvimento da psicose, o que permitiria uma intervenção precoce.



Fonte: Correio Braziliense

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