Ela não fala, praticamente não se mexe e quase não enxerga. Por dia,
enfrenta de dez a 15 convulções. Mesmo assim, a esperança no milagre da
vida é o que mantém a pequena Lia, 1 ano e 7 meses, de São Caetano, na
batalha contra a síndrome rara de Ohtahara. Na tentativa de dar à menina
qualidade de vida, a família se planeja para conseguir custear
tratamento de R$ 300 mil em Boston, nos Estados Unidos.
A síndrome foi descoberta logo nos primeiros dias de vida, o que
exige, além dos cuidados intensivos, gasto mensal de R$ 10 mil com
medicamentos diversos, incluindo dieta cetogênica, canabidiol e
relaxantes musculares. Devido ao problema, o desenvolvimento da criança
não ocorre por completo: já que não consegue engolir alimentos, tem de
se alimentar por meio de sonda. “No início foi difícil, um baque. A
médica falou que ela iria morrer. Ou você senta e chora ou levanta e
enfrenta”, revela a mãe, a professora de Línguas Irene Mota, 35.
“Minha esperança é que ela (Lia) fique apenas um dia ou dois
sem convulsionar. Gostaria que ela começasse a olhar para a gente,
controlasse as crises”, destaca Irene. Já o desejo do irmão mais velho
da menina, Pedro, 6, é ensinar a língua inglesa para a caçula.
Responsável pela programação financeira, o pai, o técnico de
telefonia Fábio Mota, 43, diz que a família partirá para o Exterior
assim que conseguir o visto de entrada nos Estados Unidos. A família
detém apenas 30% do valor mínimo necessário, mas tem fé de que tudo vai
dar certo. “Ela está cada vez mais ausente. A gente tem medo de esperar.
Estamos tratando a viagem como uma luz no fim do túnel”, diz.
“Estudos apontam que por volta de 50% dessas crianças conseguem
sobreviver até os 10 anos. Em torno de 25% acabam falecendo nos dois
primeiros anos”, pondera o neuropediatra do Hospital Israelita Albert
Einstein Saul Cypel. Já o professor de Neurologia da Faculdade de
Medicina do ABC Rubens Wajnsztejn considera a dieta cetogênica, à base
do leite Ketocal, tratamento eficaz. “A dieta é difundida no mundo
inteiro. Além disso, todo o ambulatório de neurologia está à disposição
da família”.
Diário do Grande ABC

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