Um
quarto dos pacientes sobreviventes do câncer fizeram uso da maconha
medicinal no último ano para aliviar sintomas físicos e psicológicos nos
Estados Unidos, informa estudo publicado nesta segunda-feira (25) na
revista científica "Cancer", publicação da American Cancer Society.
A pesquisa também mostrou que uma legislação mais permissiva em muitos
estados americanos contribuiu para esse número. Segundo o levantamento,
24% dos pacientes usaram maconha no último ano -- o que estima o uso
associado ao tratamento do câncer -- e 21% fizeram uso no último mês.
Os dados foram consistentes com análise de urina feita por pesquisadores, que mostrou que 14% havia feito uso de cannabis sativa na última semana.
Se considerado o uso em alguma vez no passado, sem um período determinado, 66% informaram o consumo.
Atualmente, mais da metade dos estados nos Estados Unidos aprovam leis
que permitem o uso da maconha medicinal de alguma forma. O estudo mostra
que, se a disponibilidade da planta começar a crescer, mais pacientes
terão acesso à maconha para o tratamento do câncer.
O principal uso da erva entre pacientes oncológicos se dá para o alívio
de náuseas na quimioterapia, mas há outros usos não totalmente mapeados
por estudos clínicos.
Por isso, foi também com o objetivo de entender esse uso que o
pesquisador Steven Pergam e sua equipe entrevistaram 926 pacientes no
Seattle Cancer Center Alliance.
O grupo descobriu que, além do uso para sintomas físicos (dor e
náuseas), pacientes com câncer também utilizaram a cannabis por razão
psicológicas: para lidar com o estresse, depressão e insônia.
Falta de informação e problemas
A pesquisa demonstrou também que a maioria dos pacientes nesse grupo
teve um forte interesse em aprender sobre maconha durante o tratamento
-- e 74% procurou informações sobre o assunto em associações de cuidados
com o câncer.
De acordo com os pesquisadores, embora quase todos os entrevistados
desejassem que seus médicos fornecessem mais informações sobre o
assunto, a maioria relatava que eles eram mais propensos a obter
informações de fontes fora do sistema de saúde.
"Os pacientes com câncer desejam, mas não estão recebendo informações de
seus médicos sobre o uso de maconha durante o tratamento", diz Pergam,
em nota sobre o estudo.
O pesquisador espera que mais estudos ajudem a avaliar os riscos e
benefícios da cannabis nessa população e que a comunidade científica
ajude médicos a informar mais sobre o tema -- já que o uso da maconha
pode não ser benéfico para todos os pacientes e gerar efeitos colaterais
indesejados.
"A informação é importante porque, se não educarmos nossos pacientes
sobre maconha, eles continuarão a obter suas informações em outro
lugar."
O uso da maconha medicinal no Brasil
No Brasil, é permitida a importação de um derivado da cannabis, o
canabidiol (CBD), para casos em que não há outros tratamentos
disponíveis.
Também é possível a importação de outros produtos, com o
tetrahidrocanabinol (THC) como base, desde que pedida a importação
diretamente na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), com
laudo médico e receita.
Neste ano, a Anvisa também incluiu a maconha na lista de plantas medicinais, mas não liberou o uso, que continua proibido no Brasil.
A inclusão apenas reconhece o potencial da erva para pesquisas futuras e
regulamentações de medicamentos, o que permite desburocratizar
processos de aprovação no futuro.
Em janeiro de 2017, a agência aprovou o registro do primeiro medicamento à base de maconha no país, indicado para a esclerose múltipla.
Na Justiça, alguns pacientes que não tiveram condições para comprar medicamentos importados e tinham doenças graves, conseguiram autorização para o autocultivo.
G1

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