Com
apenas três anos, uma criança da cidade de São Raimundo Nonato, na
região Sul do Piauí, utiliza um medicamento derivado do canabidiol,
substância encontrada na Cannabis sativa, planta popularmente conhecida
como maconha, para controlar crises de epilepsia. A criança, que teve a
sua identidade preservada, teve a primeira convulsão com dez dias de
vida e chegou a ter até 60 crises convulsivas em um dia. As crises são
um sintoma da Síndrome de West, uma forma grave de epilepsia que se
inicia na infância.
Após
utilizar, sem sucesso, mais de dez tipos de anticonvulsivantes
disponíveis no mercado brasileiro, a mãe da criança, depois de ver
relatos na televisão sobre o uso da substância, levou a questão ao
médico da filha, que passou a prescrever o medicamento, um óleo de
cânhamo rico em canabidiol (CBD).
“A
paciente apresenta uma epilepsia refratária, que não respondeu a
qualquer um dos anticonvulsivantes disponíveis no Brasil. Um dos
mecanismos de ação do canabidiol é o controle da atividade neuronal.
Quando há redução da excitabilidade neuronal, isso ajuda no controle das
crises", explica o neuropediatra Geraldo R. Barbosa, médico responsável
pelo tratamento da criança.
Para a
mãe da menina, a transformação na dinâmica da família foi expressiva.
"Até um ano de idade dela, eu não sabia o que era dormir, porque ela
tinha crises o tempo todo. Eram convulsões com menos de cinco minutos de
intervalo", conta. Além da diminuição quase completa nas crises
convulsivas – hoje, após dois anos utilizando o medicamento, ela
enfrenta apenas cinco crises a cada mês – a menina também teve melhorias
em seu desenvolvimento psicomotor. "Ela já fala algumas palavrinhas, e a
parte motora está bem melhor", conta a mãe.
O
óleo de cânhamo rico em canabidiol é distribuído no Brasil pela empresa
HempMeds Brasil, subsidiária do grupo americano Medical Marijuana Inc.,
a primeira empresa autorizada pela Anvisa a importar um produto à base
de canabidiol ao Brasil.
Como ter acesso ao canabidiol
A
importação do CBD para fins medicinais, desde 2015, pode ser feita
mediante autorização da Anvisa. "A primeira etapa é consultar o médico
da criança para obter uma prescrição para o canabidiol e também um laudo
médico. Além disso, médico e paciente (ou responsáveis legais), assinam
uma declaração fornecida pela Anvisa", explica Caroline Heinz, diretora
de operações da HempMeds® Brasil. Com essa documentação em mãos, o
próximo passo é solicitar a autorização de importação pela internet, no
site da Anvisa. O tempo de processamento dos pedidos é de até 10 dias.
Além
de epilepsia, o CBD também pode ser utilizado em tratamentos de
condições de saúde como mal de Parkinson, Alzheimer, dores crônicas,
efeitos colaterais de tratamentos para câncer, esclerose múltipla,
enxaqueca entre outras. Os produtos são feitos a partir do cânhamo, uma
planta que, ao contrário do que muitos pensam, é diferente da maconha.
"Podemos dizer que maconha e cânhamo estão para a Cannabis assim como
limões ou laranjas estão para as frutas cítricas. A maconha apresenta
uma concentração de THC de 10 a 30%, enquanto o cânhamo apresenta no
máximo 0,3% de THC em sua composição, e uma alta concentração de
canabidiol", explica Caroline.
Portal O Dia

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