Um estudo clínico pioneiro realizado no Brasil revelou que mulheres com Doença de Parkinson respondem melhor ao tratamento com cannabis medicinal do que os homens. A pesquisa, conduzida pela farmacêutica Ana Carolina Ruver Martins, doutora em farmacologia e pós-doutoranda da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi desenvolvida no Laboratório Experimental de Doenças Neurodegenerativas (LEXDON) da instituição e abre novas perspectivas para terapias mais eficazes e personalizadas.
O estudo envolveu 68 pacientes em estágios leve a moderado da doença, que foram divididos em dois grupos: um recebeu diariamente uma solução oral com 50 mg de canabidiol (CBD) e 5 mg de tetrahidrocanabinol (THC), enquanto o outro grupo recebeu placebo. O tratamento foi aplicado durante 180 dias e seguiu metodologia duplo-cega, garantindo que nem os participantes nem os pesquisadores soubessem quem estava recebendo o medicamento ativo.
Os resultados foram promissores: pacientes tratados com cannabis apresentaram melhorias significativas nos sintomas motores, como tremores e rigidez, além de evolução na qualidade do sono e na flexibilidade corporal. A resposta mais positiva foi observada entre as mulheres, que tiveram ganhos mais expressivos na gravidade da doença, na flexibilidade e na qualidade do sono.
Segundo a Dra. Ana Carolina Ruver Martins, fatores hormonais, como a interação entre os canabinoides e o estrogênio — hormônio associado à elasticidade dos tecidos —, podem explicar a diferença entre os sexos na resposta ao tratamento. A pesquisa também apontou para a necessidade de abordagens individualizadas, respeitando variáveis como idade, sexo e sensibilidade pessoal, para determinar a dose ideal de cannabis. Foi observada ainda uma curva de resposta em U invertido, indicando que doses muito altas ou muito baixas tendem a ser menos eficazes.
O estudo representa um avanço importante na pesquisa sobre o uso medicinal da cannabis para Parkinson e reforça a importância da medicina personalizada no tratamento de doenças neurodegenerativas.
Fonte: Smoke Buddies

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